Sobre Guarujá


Guarujá é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se na microrregião de Santos, na Região Metropolitana da Baixada Santista. A população, segundo a estimativa para 1º de julho de 2015, era de 311 230 habitantes, sendo a terceira mais populosa do litoral paulista, ficando atrás apenas de São Vicente e Santos. Possui uma área de 142,9 km², o que resulta numa densidade demográfica de 2 034 hab/km². Geograficamente, situa-se na Ilha de Santo Amaro, terceira maior ilha do litoral paulista. O município é formado pela sede e pelo distrito de Vicente de Carvalho.

Atualmente, a cidade de Guarujá é conhecida como a "Pérola do Atlântico", devido às suas belas praias e belezas naturais. Muito procurada pelos turistas na alta temporada, a cidade conta com praias urbanizadas e algumas selvagens, acessíveis apenas por trilhas. Além do litoral, Guarujá oferece construções históricas e trilhas de ecoturismo. Outra atração local é a pesca artesanal, que pode ser vista e praticada em diversas praias do município ao longo de sua orla.




A História de Guarujá

A Ilha de Santo Amaro surge em sua atual forma no final da Era Glacial, entre 20 e 123 mil anos, quando o Canal de Bertioga e o Estuário de Santos são abertos com a contínua elevação do nível do Oceano Atlântico e criam a atual ilha, a separando do continente.

Os primeiros habitantes foram os homens dos sambaquis, grupo humano seminômade que habitou o litoral sul/sudeste brasileiro após o final da Era Glacial. Este povo vivia da coleta de moluscos, conchas, mexilhões e demais alimentos marinhos, bem como alimentos vegetais e caça de pequenos animais e peixes. Não conheciam a agricultura e seu único registro conhecido são os montes de restos de conchas espalhados pelo litoral, chamados de sambaquis. Em Guarujá, foram localizados sambaquis nas praias da Ilha do Mar Casado e Pernambuco.

Após a era dos sambaquis, a ilha passa a ser visitada por grupos tupi, que deram o primeiro nome à ilha: Guaibê (lugar de caranguejos) e também Guaru-ya (passagem estreita). Os tupis não habitaram a ilha, permanecendo no entorno da Serra do Mar e no Planalto Paulista, mas utilizavam a ilha para a colheita de sal e pesca.

Em 22 de janeiro de 1502, os primeiros europeus pisaram na ilha. André Gonçalves e Américo Vespúcio aportaram na praia de Santa Cruz dos Navegantes, depois seguindo viagem à ilha de São Vicente.

A ilha, pantanosa e acidentada, não atrai a atenção dos colonizadores portugueses, que preferem centrar esforços na vizinha ilha de São Vicente, esta mais ampla e salubre e contando com um acesso privilegiado ao Planalto Paulistano, através de trilhas indígenas. Apesar do desinteresse, alguns colonos portugueses acabam se instalando na costa ocidental de Santo Amaro, sobrevivendo de agricultura de subsistência, pesca e reparos de embarcações utilizadas no estuário de Santos.

Em 1543, quando da primeira divisão territorial brasileira, toda a região entre a ilha de Santo Amaro e a barra do rio Juqueririê (futuros municípios de Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião) é concedida a Pero Lopes de Sousa por seu irmão Martim Afonso de Sousa, sob o nome de capitania de Santo Amaro. A capitania, sem recursos naturais de importância e sem ligações com o Planalto, não se desenvolve. As únicas ações visando ocupar o território são a construção dos fortes de São João e São Filipe, destinados a proteção do porto do Santos, uma beneficiadora de óleo de baleia no extremo norte da ilha, na desembocadura do Canal de Bertioga e a ação de alguns grupos de jesuítas para a catequese de índios.

Durante toda a fase colonial e imperial, a ilha não atrai atenção, sendo povoada apenas por colonos pontuais e por pequenos sítios destinados a esconder escravos contrabandeados da África.

No fim do século XIX, o surgimento do turismo, o desenvolvimento da economia paulista e a existência de um acesso ferroviário rápido e fácil entre o litoral e o Planalto Paulista, provocam um novo interesse pela ilha de Santo Amaro.

Em 1892, surge a Companhia Prado Chaves, que tem por finalidade a criação de uma vila balneária na praia de Pitangueiras e a exploração do turismo na ilha. Para a vila, são encomendados 46 casas de madeira nos Estados Unidos e um hotel de luxo, contando inclusive com um cassino. O hotel, batizado de La Plage, foi também construído com a mesma madeira com que foram feitas as casas. Além da vila, a Companhia construiu uma linha férrea ligando o estuário de Santos à praia de Pitangueiras, e batizada de Tramway de Guarujá, bem como o primeiro serviço regular de navegação entre Santos e Guarujá.

O empreendimento é inaugurado em 2 de setembro de 1893 e torna-se reduto da classe alta paulistana durante o verão, inclusive com a presença do presidente do Estado e de seus secretários. Esta data é também considerada a de fundação do município, quando Guarujá foi promovida a Vila Balneária.

Em 1911, a Companhia é adquirida pelo empresário norte-americano Percival Farquhar, passando a se denominar Companhia Guarujá.. O novo Grand Hôtel de la Plage foi reinaugurado em 1912, tendo sido um marco para o turismo de luxo no Brasil. O sucesso do hotel e a reputação de Guarujá como destino de verão da classe alta paulistana levam a um contínuo desenvolvimento da vila durante a primeira metade do século XX. Neste mesmo hotel, em 1932, morreria o aeronauta e inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, onde havia se hospedado após sérios problemas de saúde.

Em 1923, a vila foi transformada em distrito de paz e, em 30 de junho de 1926, o distrito tornou-se prefeitura sanitária, separando-se de Santos.

A eletrificação foi inaugurada a 11 de janeiro de 1925. Com a eletrificação da linha, bondes elétricos passaram a circular,junto as locomotivas a vapor. Os equipamentos usados na eletrificação foram fornecidos pela Siemens; as obras foram dirigidas pelo engenheiro Ettore Bertacin, da Casa Siemens de São Paulo e tiveram duração de oito meses. A subestação elétrica principal, que também abastecia o distrito de Itapema, estava localizada "próximo das torres grandes da Companhia Docas de Santos", recebendo a corrente em 40 000 volts e transformado-a a 6 600 volts. A subestação retificadora, que reduzia e retificava a corrente alternada de 6,6 kV para 750 volts a ser usada na linha de contato, situava-se no quilômetro quatro da via férrea, ou seja, próximo à metade de seu percurso, no bairro da Conceiçãozinha.

Todo o material rodante era de origem alemã, tendo sido produzido pelas firmas Siemens e M.A.N. - Maschinenfabrik Augusburg Nürnberg. Foram adquiridos dois bondes de 106 HP, numerados #3 e #9, e uma locomotiva elétrica de 106 HP para tracionar trens de carga. Esta máquina, com 18 t de peso, tinha capacidade de tracionar trens de 47 toneladas de carga a uma velocidade de 45 km/h.

Em 1930, esta empresa adquiriu mais dois bondes da M.A.N., numerados cinco e sete e construiu um ramal de três quilômetros até o Sítio Cachoeira para o transporte de carga, com extensão aproximada de 2,5 km. O bonde #3 seria sucateado após um acidente ocorrido na década de 1930.

Em 1931, a prefeitura sanitária é extinta, com a reintegração da ilha ao território de Santos e Guarujá volta a ter autonomia apenas em 30 de junho de 1934, no antigo status de "prefeitura sanitária".

Com a deterioração da estação férrea original de Guarujá construída em 1893 entre a praia e o Grande Hotel, foi necessário se construir uma nova, e o local escolhido foi outro: o antigo pátio de cargas do bonde, na avenida Leomil, a dois quarteirões da praia. A 3 de julho de 1934 foi criada a Estância Balneária de Guarujá, evento que motivou a realização de melhorias no serviço do Tramway de Guarujá. Decidiu-se então construir uma nova estação e oficinas, localizadas agora na Av. Leomil, a dois quarteirões da praia. Elas foram inauguradas a 21 de dezembro de 1935. Com a inauguração do novo prédio o velho foi desativado e demolido.

Os bondes foram transferidos para a Estrada de Ferro Campos do Jordão, na qual são usados até hoje, e uma de suas locomotivas está exposta na avenida Leomil, em Pitangueiras, em Guarujá.

Em 1947 as prefeituras sanitárias são extintas e Guarujá torna-se município de pleno direito.

O fim dos jogos de azar no governo de Eurico Gaspar Dutra e a construção da via Anchieta, ligando a Baixada Santista a São Paulo modificam a ocupação da ilha. A antiga vila balneária se adensa com a chegada de maiores quantidades de turistas e novos moradores. Edifícios começam a surgir na orla de Pitangueiras e Astúrias e praias até então desertas, como Enseada, Pernambuco e a própria Perequê começam a ser visitadas. Paralelamente, migrantes nordestinos migram para a ilha a procura de emprego, se fixando na região do velho forte de Itapema, dando origem ao distrito de Vicente de Carvalho.

Entre as décadas de 1970 e 1980 Guarujá cresce descontroladamente. Toda a orla da cidade entre a praia do Tombo e Pernambuco é ocupada por diversos loteamentos e edifícios, sem a necessária contraparte de infraestrutura. O Milagre Econômico dos anos 70, a construção da Rodovia Piaçagüera-Guarujá, ligando a ilha diretamente a Via Anchieta e em menor grau as novas rodovias Rio-Santos e Mogi-Bertioga (possibilitando o acesso ao Vale do Paraíba e Litoral Norte) provocam a explosão do turismo e da migração para a ilha. A qualidade ambiental vai caindo, com a poluição das águas, a ocupação de áreas sensíveis como morros e mangues e o número cada vez maior de turistas, moradores e migrantes sobrecarregam Guarujá.

Um dos principais pontos de referências da cidade de Guarujá é o Morro do Maluf, entre as praias das Pitangueiras e da Enseada. Só que não tem nada a ver com a família Estéfano ou com os Maluf. O morro pertencia a Edmundo Maluf, industrial em São Paulo, solteiro, que tinha casa na ladeira do morro e dava festas memoráveis que agitavam os fins de semana de Guarujá.

A situação se torna crítica no final da década de 1980 e início de 1990, quando milhões de turistas visitam a ilha todos os verões, provocando o colapso da infraestrutura de Guarujá, com cortes de eletricidade, falta de água e poluição das praias. Extensas áreas do município são ocupadas por favelas, habitadas pelos migrantes em buscas de novas oportunidades e a criminalidade toma corpo. O cenário caótico leva a uma profunda crise no turismo e na economia de Guarujá, que perde turistas e investimentos para o Litoral Norte e até mesmo para outras cidades da Baixada Santista.

A segunda metade da década de 1990 vê uma recuperação progressiva do balneário, com investimentos em saneamento, habitação, infraestrutura e até mesmo efeitos benéficos da divisão do total de turistas com outras regiões, causando menor sobrecarregamento na cidade. Paulatinamente a cidade começa a receber novos investimentos e começa a desenvolver o turismo de negócios e a prestação de serviços, visando a expandir sua base econômica e se tornar menos dependente do turismo sazonal.


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