A
Urbanização no Brasil passou por vários processos históricos, mas podemos dizer
que a sua expansão mais intensiva ocorreu ao longo do século XX, sobretudo após
o processo de industrialização que se iniciou na década de 1930 e consolidou-se
após os anos 1950.
Com
isso, houve, além de um rápido e acelerado crescimento das cidades, a concentração
da maior parte da população em algumas metrópoles, sobre tudo nas capitais
estaduais, que congregaram em seu entorno um aglomerado de cidades quase sempre
conturbadas entre si. Formaram-se então as regiões metropolitanas e a
integração territorial delas decorrente. Podemos dizer, então, que a
urbanização do Brasil foi acompanhada também de uma intensiva metropolização.
A
partir de meados da década de 1960, o Brasil deixou de ser considerado um país
rural para transformar-se em um país predominantemente urbano, ou seja, com a
maior parte da população vivendo nas cidades. Atualmente, mais de 84% da
população brasileira encontra-se nas cidades, ocorrência resultante dos processos
ocorridos ao longo do século passado.
As
tendências atuais da Urbanização no Brasil, embora não sejam alvo de consenso,
indicam uma inversão de algumas características anteriormente presentes ou a
diminuição da intensidade de outros aspectos. Como reprodução das mudanças
econômicas, culturais, sociais e estruturais pelas quais a sociedade brasileira
vem passando, as cidades vêm ganhando novas formas e novas composições em seus
espaços geográficos.
Um
primeiro aspecto atual da urbanização brasileira a ser observado é o processo
de desmetropolização e o crescimento das cidades médias. Isso significa que uma
certa parte da população, antes residente em metrópoles, está se deslocando em
direção às cidades de médio porte, pois elas estão recebendo cada vez maiores
investimentos e gerando cada vez mais empregos diretos e indiretos.
É
importante ressaltar, que isso não significa que as metrópoles estejam
diminuindo, mas apenas crescendo menos, o que nos leva ao segundo aspecto atual
da urbanização brasileira: o crescimento menos acelerado das grandes cidades e
metrópoles.
Um
exemplo emblemático é o da maior cidade do país: São Paulo. A capital paulista
vem, nos últimos decênios, apresentando sucessivas quedas em seu ritmo de
crescimento demográfico. Na década de 1970, esse crescimento foi de 3,5%,
passando para 2,1% nos anos 1980, 1,8% nos anos 1990 e 1,1% nos anos 2000. Isso
ocorre porque as migrações inter-regionais diminuíram de intensidade ou, em
alguns casos, inverteram-se, haja vista que a própria São Paulo vem registrando
saldos migratórios negativos.
Os
motivos que vêm levando a um decréscimo demográfico das grandes cidades e metrópoles
brasileiras também fazem parte das tendências atuais da urbanização brasileira.
Atualmente, o custo de vida e o preço dos solos nas metrópoles estão se
elevando muito rapidamente, em razão da alta especulação imobiliária e da
relativa melhoria nas condições de vida e renda da população urbana. Além
disso, o processo de macrocefalia urbana – quando as cidades não suportam a
grande carga de habitantes e zonas periféricas formadas, também contribui para
o esgotamento desses lugares. A falta de mobilidade e a elevada poluição são
outros fatores que contribuem para a diminuição da atratividade das grandes
cidades do país.
Atualmente,
observa-se também que no espaço intraurbano dessas grandes aglomerações urbanas
algumas transformações ocorreram. Primeiramente, embora o processo de
segregação urbana da população mais pobre não tenha acabado, havendo ainda a
formação de áreas e bairros periféricos afastados, além das áreas de ocupação
irregular e favelas, esse processo vem ocorrendo mais lentamente. Todavia,
mesmo assim, trata-se de um problema de difícil controle.
Em
segundo lugar, é perceptível a chamada autos segregação, isto é, a procura da
população de média e alta renda por condomínios fechados, sendo muitos deles
afastados dos grandes centros e bairros considerados nobres.
O
crescimento de condomínios fechados de luxo é uma das tendências atuais da urbanização.
Em
resumo, podemos perceber que, embora alguns problemas anteriormente existentes
tenham diminuído ou se apresentado de forma menos intensa, as contradições
sociais reproduzidas no meio urbano ainda são latentes. As heranças promovidas
pela expansão capitalista e industrial ainda são muito os problemas sociais e
ambientais nos centros urbanos permanecem como desafios para as cidades
brasileiras.
O
maior desses desafios é garantir o direito à cidade para os muitos que dela são
socialmente excluídos.