O que é Esquizofrenia?
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico
complexo caracterizado por uma alteração cerebral que dificulta o correto
julgamento sobre a realidade, a produção de pensamentos simbólicos e abstratos
e a elaboração de respostas emocionais complexas.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a
esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades. É uma doença
crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.
A esquizofrenia é uma doença mental que acomete
aproximadamente 1% da população mundial. Normalmente, o transtorno aparece
entre o final da adolescência e começo da vida adulta.
O transtorno foi um termo cunhado pelo psiquiatra suíço E.
Bleuler, no início do século XX e tem origem nas raízes gregas schizo (cindir,
dividir) e phren (mente), no sentido de que as funções mentais se encontrariam
divididas nesses pacientes.
Tipos
Existem alguns tipos de
esquizofrenia:
·
Esquizofrenia paranoide: com
predomínio de alucinações e delírios
- Esquizofrenia
heberfrênica ou desorganizada: com predominante pensamento e
discurso desconexo
- Esquizofrenia
catatônica: em que o paciente apresente mais alterações
posturais, com posições bizarras mantidas por longos períodos e
resistência passiva e ativa a tentativas de mudar a posição do indivíduo
- Esquizofrenia
simples: em que a pessoa, sem ter delírios, alucinações ou outras
alterações mais floridas, progressivamente ia perdendo sua afetividade,
capacidade de interagir com pessoas, ocorrendo um progressivo prejuízo de
seu desempenho social e ocupacional, por vezes levando os indivíduos
afetados a uma vida de sem-teto e vagando pelas ruas.
Causas
Ainda não se conhecem todos os mecanismos cerebrais que
promovem os sintomas relacionados à esquizofrenia, mas hoje sabe-se que se
trata de uma doença química cerebral decorrente de alterações em vários sistemas
bioquímicos (neurotransmissores) e vias neuronais cerebrais.
Vários genes em combinação são responsáveis por estas
alterações cerebrais. O ambiente, ou seja, as relações vitais que a pessoa
estabelece funcionam como fatores estressores que contribuem para que estes
genes ligados se ativarem e a doença apareça. Não existem fatores psicológicos
ou ambientais que causam a esquizofrenia, mas sim fatores de vida que são gatilhos
para o início das alterações cerebrais da doença.
Várias substâncias químicas, denominadas de
neurotransmissores, estão alteradas no cérebro do esquizofrênico,
principalmente dopamina e glutamato. Estudos recentes mostram diferenças na
estrutura do cérebro e do sistema nervoso central das pessoas com esquizofrenia
em comparação aos de pessoas saudáveis.
Fatores de risco
- Sabe-se
que alguns fatores são gatilhos importantes para o início das alterações
neuroquímicas cerebrais e para o posterior aparecimento dos sintomas da
doença no comportamento do indivíduo: História
familiar de esquizofrenia: as chances são de 10% se tiver um irmão com
esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não-idêntico com esquizofrenia,
50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois
pais forem afetados por esquizofrenia
- Ser
exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe,
especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação
- Problemas
no parto como falta de oxigênio (hipóxia neonatal)
- Ter
um pai com idade mais avançada
- Uso
de maconha
- Tabagismo.
Sintomas de Esquizofrenia
Os sintomas de esquizofrenia no sexo masculino costumam
aparecer entre os 15 e 20 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais
comuns beirando os 30 anos de idade. Embora seja raro, também é possível o
aparecimento da esquizofrenia em crianças e adultos com mais de 50 anos.
A esquizofrenia é a principal doença de um grupo de
transtornos psiquiátricos denominados de transtornos psicóticos. Psicose é
quando uma pessoa tem alterações na apreensão e no juízo sobre a realidade
(delírios) e na sensopercepção (alucinações). Além da psicose, que geralmente
ocorre no momento de crise da doença, é comum o paciente apresentar alterações
comportamentais decorrentes das lesões cerebrais que este quadro agudo provocou
como por exemplo distúrbios cognitivos (pensamento, atenção, tomada de decisão,
raciocínio abstrato, linguagem, etc) e emocionais (apatia, falta de motivação,
falta de prazer, depressão, etc).
Delírios
São alterações decorrentes da forma como o cérebro está
captando a realidade e produzindo a crítica sobre a mesma. As alterações nestas
áreas do cérebro produzem crenças convictas em fatos e percepções que não são
compartilhadas pelas outras pessoas. Uma pessoa delirante tem certeza que está
sendo prejudicada de alguma forma ou capta sinais em coisas que estão
acontecendo à sua volta e chega a conclusões que não são racionais (por
exemplo, achar que os sinais de trânsito estão vermelhos porque são um sinal de
uma emboscada que está sendo armada para ele ou mesmo acreditar que mensagens
subliminares estão sendo enviadas a ela através de apresentadores de TV a
partir da forma como eles estão se comportando no programa).
A pessoa com esquizofrenia pode acreditar também que seu
pensamento está sendo controlado por algo ou alguém que está distante ou que
ela própria consiga controlar o pensamento das outras pessoas. Os delírios mais
comuns são os de estarem sendo vigiados ou perseguidos por alguém, mas existem
delírios de vários outros tipos como por exemplo: de estarem controlando os
outros, de estarem sendo controlados, de terem criado fui inventado algo, de
estarem sendo traídos, de serem culpados por alguma catástrofe ou de estarem
sendo infestados por parasitas dentro do corpo.
Alucinações
São alterações na forma como o cérebro percebe os estímulos
do meio e se caracterizam pela percepção de estímulos que não existem ou que
não estão sendo percebidos pelas outras pessoas como por exemplo ver coisas que
só ela vê ou ouvir coisas que apenas ela escuta. No entanto, para a pessoa com
esquizofrenia, essas coisas têm toda a força e o impacto de uma experiência
normal. As alucinações podem estar em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes
é a alucinação mais comum de todas. A pessoa pode também falar sozinha
interagindo com vozes que esteja ouvindo ou com imagens ou pessoas que esteja
vendo.
Pensamento desorganizado
Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai
desorganizada e com pouco ou nenhum nexo. A ideia de que pensamento
desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a partir do discurso
desorganizado de alguns pacientes. Para os médicos, os problemas na fala só
podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de
pensamento coerente. Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa
portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada por causa deste problema, e as
respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente alheias e
desconexas.
Habilidade motora desorganizada ou anormal
O comportamento de uma pessoa com esse tipo de disfunção não
é focado em um objetivo, o que torna difícil para ela executar tarefas.
Comportamento motor anormal pode incluir resistência a instruções, postura
inadequada e bizarra ou uma série de movimentos inúteis e excessivos.
Sintomas em adolescentes
Os sintomas de esquizofrenia nos adolescentes são
semelhantes aos dos adultos, mas a condição pode ser mais difícil de
reconhecer. Isso pode ser em parte porque alguns dos primeiros sintomas da
esquizofrenia nos adolescentes são comuns para o desenvolvimento típico durante
a adolescência, como:
- Pouca
socialização com amigos e familiares
- Queda
no desempenho na escola
- Problemas
para dormir
- Irritabilidade
ou humor deprimido
- Falta
de motivação.
Em comparação com sintomas de esquizofrenia em adultos, os
adolescentes podem ser:
- Menos
propensos a ter delírios
- Mais
propensos a ter alucinações visuais.
Outros sintomas
Além dos sinais citados, outros parecem estar relacionados
com a esquizofrenia. Uma pessoa com a doença pode:
- Não
aparentar emoções ou apresentar apatia emocional (indiferença afetiva)
- Não
alterar as expressões faciais
- Ter
fala monótona e sem adição de quaisquer movimentos que normalmente dão
ênfase emocional ao discurso
- Diminuição
da fala e prejuízo da linguagem
- Negligência
na higiene pessoal
- Perda
de interesse em atividades cotidianas
- Isolamento
social
- Incapacidade
de conseguir sentir prazer.
Buscando ajuda médica
A pessoa com esquizofrenia em virtude dos sintomas da
própria doença não apresentará crítica acerca do seu quadro, já que a principal
característica da psicose é a apreensão incorreta da realidade. Neste caso, um
familiar que identifique o problema deve saber que muitas vezes será difícil
convencer a pessoa sobre os sintomas já que a própria natureza do quadro leva a
pessoa a estar convicta de que o que está dizendo é a verdade sobre a
realidade. Por isso, muitas vezes algum parente ou amigo próximo deve ser
responsável por levar a pessoa doente a um especialista ou para a internação se
for o caso.